segunda-feira, março 31, 2008

Setenta e poucos dias? - 54

Embora eu já soubesse da frase entalada em sua garganta, eu queria vê-la materializada em sua voz. Você demorou tanto tempo em dizê-la... e, quando a disse, eu não acreditei. Foi quando eu perdi a fala, esqueci o vocabulário e resolvi tirar "você" do dicionário.
Não foi culpa da frase. Quero, na verdade, te poupar da nossa felicidade. Saber até quando você vai me esquecer. Das noitas mal dormidas ou dos sorrisos amarelos. Lembra-se de quando rimos de nosso encontro casual? Era de dia, estava quente, mas, mesmo assim, eu usava uma blusa para esconder a foto estampada na camiseta suja de tinta.
Eu me surpreendo. Já não penso tanto em você. E, quando eu paro para pensar neste fato, não sei se fico triste ou se comemoro. Está tudo estocado: lenços para conter as lágrimas e bexigas para estourar. A chave, agora, está nas suas mãos...

P.S: "sabe quando eu disse que não era para você voltar? Era para te proteger... porque eu te amo" (de Jack para Kate).

sábado, março 29, 2008

Pontos - 53

Fuga. Sim, eu venho amanhã. Combinado. Atraso. Cinema. Sozinho. Choro guardado. Saudade. Pai. Mãe. Noite. Calor. Beijo no rosto. Tudo bom? Socialismo. Parabéns. Amigos em comum. Onde você mora? Nos falamos. Que assim seja. Meu coração bate mais forte. Acho que te conheço de algum lugar. Como você está? Olhar para frente. Reencontro. Claro que pode ir comigo. Parabéns! Que massa! Tudo é bem complicado. Vou viajar, conhecer outros lugares, desaparecer, mas domingo nós nos encontramos. Fechado. Aberto! Claro! Mande um beijo para ela. Um abraço. Saudades. Não tenho vontade de voltar. Sempre para frente. Se ligar, eu ligo. Estou contando os dias. Jornais pela casa: no banheiro, na sala, no quarto. Uma revista perdida. Por onde você anda? Eu encontro a informação. Estou perdido. Arrumo o quarto. Tudo está devidamente em seus devidos lugares. Vamos bagunçar? Eu, ao menos, vou mudar.

P.S: uma das coisas mais bacanas do mundo é dançar sozinho em casa, ouvindo a música em alto e bom som. E, ao lembrar de alguém, ligar e falar: "olha só a música que está tocando!".

quinta-feira, março 27, 2008

Tianastácia - 52

Ela me escreveu... confessou que ainda irá revisar os seus escritos para desvendar todas as emoções transpiradas. Enquanto isso, pensa que seja pouco viver demais, escolher demais, querer demais. Porém, tem certeza de que prefere o baile, beijinho, beijo, beijoca... e até mesmo a brincadeira, o brinquedo...
E assim, em uma praça localizada no fim (ou no começo?) do mundo, ela pulou simplesmente livre para disputar o salto em altura. Não se importava se diziam se ela cantava alto, se pedia uma música à exaustão... era a liberdade pulsando mais forte, percebia isso. Ou não. Longe dele, sem pensar muito nele - confesso, no texto em que ela me enviou, disse-me que quase titubeou e ligou para ele -, ela sorria de prazer. De saber, ao menos uma vez, que era livre e que a lua, a lenda, longe, a levavam lá.

terça-feira, março 25, 2008

12! - 51

Não será a última vez que ele irá fazer a contagem regressiva. Desde que nasceu, conta, algumas vezes de maneira desordenada, as horas, os minutos, os segundos, para deixar os olhos sempre abertos. E, mesmo quando esquece o relógio sobre a cama, não perde o rumo e segue firme.
Ele se prepara para uma nova rota... aonde vai chegar? Ninguém sabe. No entanto, mais do que nunca, sabe o que não quer... Isso, porém, não quer dizer que ele não volte: tem consciência de sua humildade e sabe perfeitamente que é capaz de retornar e continuar a apertar o botão ou reiniciá-lo. Como irão recebê-lo? Ele está pouco se fudendo... O que ele sabe com certeza? Hoje, ele vai, definitivamente, respirar bem fundo.

segunda-feira, março 24, 2008

Out of Map! - 50

Não tive notícias suas. Nem fiquei sabendo se o mundo desabou em minha mão. Eu sumi do mapa. Literalmente. Escondido debaixo da cama, eu praticamente não dormi. Entre as montanhas, avistei a lua cheia, que clareava o longo caminho escuro.
Não senti a sua falta. E, confesso, fico triste em saber que não sentiu a minha falta. Queria, ao menos uma vez, ter a certeza de que gritou o meu nome assim que acordou do pesadelo diurno. O pesadelo de ter de andar sempre em frente.
Não ouvi a sua música favorita. Eu não liguei o rádio! Não existiam pilhas capazes de ligar o rádio portátil e colocar para tocar o CD com as músicas que escolhemos juntos. Eu buscava o silêncio e, mesmo entre tantas vozes, eu o encontrei. Ele esteve sempre ao meu lado. Do meu lado. A fim de me ajudar quando eu precisasse.
Estava longe do mundo... fora do mapa! Espero que não tenha tentado me procurar... tenho certeza de que não faria o impossível para o meu celular funcionar.

P.S: frase do final de semana... "Toca Los Hermaaaaanooooooosssssssss" (em homenagem a Maísa, Raíza, Aniele, Luciano, Pollyana, Maola e Winicius...)... ah, e fantasia de formiga no ano que vem! rs

quinta-feira, março 20, 2008

Finalmente um ar - 49...

Estranho ter a certeza de que a viagem lhe fará bem. Pegará a estrada cheia de tantos outros sonhos, desejos... os deles irão se misturar e ganharão corpo com os meus. Para onde iremos? Para onde voltaremos? E o que iremos aprender? Perguntas sem respostas ou com divagações repletas de incertezas... "Vá!". É o que o coração dele canta e grita. Ele não vê a hora de a hora passar... um segundo parece uma eternidade.

segunda-feira, março 17, 2008

13º mandamento - 48

Não esqueça de me enviar o pombo-correio com novidades, tristezas e sonhos. Eu prometo que não irei maltratar suas vontades, seus anseios e seus desejos. Não esqueça de me enviar um sorriso. Eu prometo que irei me apaixonar pelo seu rosto envergonhado. Não esqueça de me enviar um choro. Eu prometo que vou guardar seus segredos. Não esqueça de me enviar uma traquinagem. Eu prometo que vou rir muito de suas piadas. Não esqueça de me enviar um filme. Eu prometo que vou chorar com o final. Não esqueça de me enviar uma música. Eu prometo que irei dançar de olhos fechados. Não esqueça de me enviar notícias... eu prometo que você será a manchete de minha vida.

quinta-feira, março 13, 2008

Você me desarma - 47!!!

O texto já estava escrito no espelho. Havia escrito letra por letra para não esquecer a raiva que vomitaria em você. A raiva viria misturada de indiferença também. Você estava na sala, enquanto eu tomava banho e ensaiava também um choro. Mas era tão sério o ensaio que o choro saiu de verdade. E as palavras continuavam intactas no espelho que refletia um rosto inseguro e um tanto quanto triste.
Foi quando, de repente, como tudo que acontece em nossa existência capaz de nos surpreender, você abriu a porta. Puro, nu, sincero, lindo. Não trocamos muitas sílabas. Eu não permiti. Será que você já tinha um texto pronto assim como eu? Nunca irei saber a resposta...

terça-feira, março 11, 2008

Metralhadora de palavras - 46

Alguns até podem dizer que ir ao cinema sozinho é estranho. Ela não concorda com esta afirmação. Sozinha, ri das piadas mais difíceis de serem captadas. Também, pudera, ela ri, algumas vezes, de cenas dramáticas. Sozinha, mas imersa na história contada no longa, se transporta para a ficção. Deseja beijar a mocinha e o mocinho e tem uma vontade absurda de surrar o pai que atrapalha a festa. E, de alguma forma, sonha, por algumas horas, em ter sua vida filmada. Com começo, meio... o fim, iria pedir que o diretor o deixe em aberto. Algumas reticências...
E, quando as luzes se acendem, ela demora voltar ao enxergar o mundo real. Mas, já restabelecida, sai quase voando da sala...

segunda-feira, março 10, 2008

Um respiro - 45ª verdade

Eram tantas sílabas ditas pausadamente que formavam felicitações, parabéns, torcidas sinceras. Já me bastam mentiras sinceras. Conversávamos sobre o passado, o passado do passado... um passado que um dia ousou ser presente. Mas ainda havia tempo e espaço para o futuro do presente. Aquele no qual distribuíamos sorrisos. Importavam os sonhos, os desejos, as viagens que um dia faremos juntos... as experiências, cada uma delas marcantes, eram respeitadas. Para onde você foi mesmo? Para onde, um dia, quem sabe, iremos juntos? Era o exemplo concreto de claridade, de luminosidade sobre a mesa, tendo como testemunha quase ninguém naquele restaurante abarrotado de gente.

Balayés mes amours,avec leurs trémolos,Balayés pour toujoursje repars à zéro... (Edith Piaf)

sexta-feira, março 07, 2008

Uma (in)decisão - 44

Você não sabe o quanto eu corri para chegar até aqui. Juro que me esforcei, treinei... corri bastante. Alcancei, talvez, a curva final. Porém, ao experimentar um pouco do seu sexo, eu não consegui sentir prazer. Na outra noite, sem muito esforço, também procurei provar o seu gozo. Em vão. Não senti nada. Nem raiva, nem calor... é justamente esta indiferença que me surra.
Não me digas, por favor, que eu sou o culpado. Aposto que manterá o silêncio que me irrita tanto.
Tenho ouvido vozes. As do meu coração... será que elas estão certas? Vou ainda dar um tempo, respirar um final de semana... semana que vem, eu permaneço em minha (in)decisão.

quarta-feira, março 05, 2008

Detalhes - 43

Ela quer que ele diga tudo o que aconteceu na noite passada. Ela não se lembra. Bêbada, dormiu ao encostar a cabeça no travesseiro. Ele, cansado da solidão em que ela mergulhou, saiu. Foi ver a Lua do meio da rua movimentada. Ela não o viu se levantar. Não ouviu o ruído da porta se abrindo. Não sentiu se ele colocou o perfume. Nem viu se ele vestiu a mais bonita camisa... um presente dela!
Ela quer saber o que ele não dançou na festa. Ela não ouviu as repentinas reclamações dele. Ela desconfia que ele tenha bebido um pouco. Ela bebeu tanto... lamenta, ao acordar e perceber que, mesmo ao seu lado, ele fugiu de suas garras. Qual o cheiro dele neste momento? Quem tocou a sua mão? Será que alguém o beijou?
Ela quer saber que horas ele chegou. Se ele tomou cuidado para não fazer barulho e acordá-la da escuridão. Ela quer saber tanta coisa... mas pede, se ele resolver contar os seus segredos, que a poupe dos detalhes.

terça-feira, março 04, 2008

V.I.D.A. - 42! (divisor de águas)

A grama, tão castigada pelos meus pés maltratados, ficou mais perto do que nunca. Perto do impossível. Eu a vi bem perto. E foi tão rápido... capaz que, se você estivesse me assistindo, não conseguiria descrever a cena. Nem eu mesmo consigo descrevê-la.
Eu só me lembro de olhar para trás e ver duas vidas quase mortas. Não deu tempo de olhar para o lado e enxergar o desespero e o medo da outra garota. E a vida não passou por um segundo pela minha memória. Não daria tempo... e olha que eu nem tenho tanta experiência para esquecer o que eu comi ontem ou por que não chorei com mais uma despedida (estou cansado disso!).
Eu não gritei, não tremi, não corri... eu simplesmente não.