terça-feira, julho 29, 2008

Ela Disse Adeus - 109

Ela disse um adeus quase silencioso. Foram poucos os que a ouviram. Ele, porém, percebeu a força de cada uma das sílabas em seu ouvido. As mãos não se encontraram em nenhum momento. Os olhares tentavam se esconder. Em vão. Ela disse adeus e chorou ao vê-lo desaparecer de suas vistas. Tentou chamá-lo de volta, mas não teve força suficiente para tal façanha. Continuou chorando cheio de amor. Ele foi o último a saber.

segunda-feira, julho 28, 2008

Não quero que chegue amanhã - 108

Um dia vai chegar. Provavelmente, haverá um Sol no céu. O frio, eu só poderei respirar se abrir a janela. Gostaria que a noite permanecesse intacta. Não queria que chegasse o amanhã. Mas isso é inevitável... o tempo escorre pelas mãos. E, por essa razão, quando eu abraço, eu abraço de verdade. E, quando eu olho no olho, eu quero ver o brilho lá dentro... por mais que fique tímido, permaneço dentro do seu olhar. Vejo pouco o reflexo: e isso, de alguma forma, me amedronta...

quinta-feira, julho 24, 2008

Somos pessoas misteriosas - 107

Ele leu isso em uma legenda de filme que ainda nem assistiu. E ficou pensando nesta frase. Olhava a janela fechada, imaginava se estaria calor ou frio lá fora. Não sabia... era tudo um grande mistério. Algumas pistas para solucioná-lo. Um breve telefonema, capaz de alimentar ainda mais o amor.... "o problema é que eu te amo", ouviu a Cássia Eller cantarolar na rádio. Mas ele amava quem? Quantas pessoas? Queria sentir novamente o abraço... o beijo permaneceria no sonho. Aquele mesmo que sonhara há alguns dias. Talvez ainda estivesse bêbado... Mas, voltando ao filme, ele não se lembrava nem mesmo do nome dele. Mas, de frases cortantes e certeras, ele nunca se esquecera... "De perto, as pessoas são mais especiais"... e, por essa razão, ele perdoa atrasos e corre para despedidas de amigos breves.

segunda-feira, julho 21, 2008

À Procura da Raiva Perfeita - 106

Não há palavra alguma. Não há silêncio absoluto. Apenas uma estranha vontade de explodir escondida em meu organismo. Para onde vou? Onde me escondo? Quando me permito, choro no alto de um prédio. E, lá de cima, avisto o seu apartamento. Tão longe, tão distante. Por onde andas? Será que irei me esbarrar no carro ao atravessar a avenida? Será que irei atropelar o ônibus lotado de gente séria? O que irá me contar? Sei que não será um segredo... Por onde perambula minha raiva? Eu já tentei pegá-la, mas não consegui... logo, ela ainda permanece...

P.S: "Queremos notícia mais séria/ Sobre a descoberta da antimatéria /e suas implicações" (Gilberto Gil)

sábado, julho 19, 2008

Pop - 105

Cansei de lamentar a sua ausência. Tanto que hoje festejo a minha presença. Ligo o som, coloco para tocar uma música muito grudenta e peço para que seja sempre assim. Ser feliz se assim for. Agora, você terá que esperar a sua vez. Se ela virá, já não posso responder. Levante-se e corra... E, assim, eu danço pela casa vazia, pelo quarto bagunçado. Lembro-me que tenho que tirar a toalha molhada de cima da cama... crio mais um capítulo da minha história. Festejo em seguida... não há bexigas nas paredes... eu já estourei todas. Prefiro assim... sempre assim!

P.S: "Nessa horas, eu me lembro/ Com saudades de você/ Dos amigos que eu ainda não fiz/ E de tudo que ainda há" (Jota Quest)

sexta-feira, julho 18, 2008

Quase.. - 104

Eu quase apertei o gatilho do révolver. No entanto, alguém sussurrou no meu ouvido que você já havia morrido. A raiva era tanta que não percebi que, apesar de seu coração ainda entoar melodias estranhas, você já não existia... sem RG, era apenas mais um. Um produto, talvez, com o qual gastei alguns dias e poucas horas. Nem tive tempo de perguntar a você se havia visto a Lua que iluminava o caminho que me levava diretamente para a minha casa... faltaram letras... vontade de juntá-las e questionar, querer saber, conhecer, entender... Eu observei a Lua e fechei os olhos.

terça-feira, julho 15, 2008

Lá na frente - 103

Já não te enxergo pelo retrovisor... engatei a quinta marcha, acelerei e sumi... estou lá na frente. Você me vê? Há muito tempo que deixei de reparar em você. Ok, confesso que (re)visito os álbuns, mas parece haver um espaço em branco, uma luz estranha, sobre a sua foto. Você desaparece e eu nem sinto. Pensei que seria mais doloroso.... Você me dirá quais as cores dos seus novos olhos? Irá me descrever o novo corte de cabelo? Deixará notar as unhas pintadas de um colorido colonizado? Eu continuo o mesmo... olhos escuros, queimado de sol, respirando a vida e colecionando diálogos... Qual a língua que fala? O meu idioma vai ser difícil retomar...

quinta-feira, julho 10, 2008

I´m afraid of... - 101

Tenho tanto medo de escrever demais. Na realidade, já narrei demais... escrevi até na minha pele seca e branca. Mas o que procuras? Não há o seu nome! Seguindo o conselho da canção, resolvi tirar o seu nome do dicionário e colocar outro absurdo. Não escondo, porém, o que desejei passar ao seu lado. O amor acabou! Mas houve alguma vez amor? O que me irrita é o tempo que gastei... mas as apostas são assim mesmo. Repletas de riscos, como este que não acaba... mas tem um só objetivo: o meu coração!

terça-feira, julho 08, 2008

Um pouco mais de espaço - 100!

Você poderia ir mais um pouco para lá, por gentileza? Preciso deste espaço para colocar meus sonhos. Você poderia me telefonar apenas depois das dez da manhã? Preciso abrir os olhos e olhar para mim mesmo. Você poderia não ligar o som neste momento? Preciso terminar de escrever esta música. Você poderia abaixar o volume da televisão? Preciso do silêncio absurdo que bate em meu coração para finalizar a carta sem remetente. Você poderia me dizer qual o meu nome? Você não lembra mais... Mas eu digo: não tenho mais nome, não tenho mais telefone, não tenho mais cadeira, não tem mais rádio, não tenho mais televisão... apenas este espaço.

quinta-feira, julho 03, 2008

Só uma chance, por favor - 99

Quero uma chance para ser cruel. Para dizer não. Para não atender a sua ligação. Para não responder à sua cara. Para deletar sua mensagem. Para rasgar as fotografias. Para fazer silêncio. Quero só uma chance para ter certeza das conclusões. Quero não te avistar no mapa. Quero entrar à direita. Quero aparecer quando você se esconder. Quero isso quando você preferir aquilo. Quero o verbo, enquanto você procurará o substantivo. Quero apelidos, para desconhecer, novamente, o seu verdadeiro nome. Eu quero tudo quase.

terça-feira, julho 01, 2008

Desconhecida - 98

Oi, você não me conhece. Muito prazer. Mas eu te conheço. Observo-te ao andar pela praia. Eu sou aquela garota que senta à beira da piscina. Não tenho coragem de mergulhar em seu coração. Mesmo porque você costuma andar sempre vestido por aí. É sempre um corpo fechado, que prefere esconder as verdadeiras verdades. Ou, muitas vezes, anda na contramão do corrimão. Eu sou aquela que sentou a sua direita na mesa do jantar. Você nem, ao menos, prestou atenção no meu novo relógio. Eles marcavam as horas erradas. Eu falei do azul do meu tênis amarelo. Você preferiu, novamente, apenas experimentar a sobremesa. Eu sonhei com a música que escrevi de olhos fechados. Você se fechou no fone de ouvido de seu mp3. Não tocava música alguma. Era apenas o seu silêncio, que me incomoda. Eu me mudei, atravessei a rua...