segunda-feira, janeiro 25, 2010

Vinte minutos - 188

A mão suava. O menino esperava a resposta imediata. Não tinha saída. Era aguardar a crueldade da verdade ou a fantasia da mentira. Ele tremia. Olhava para o lado direito e para o esquerdo. Tinha de ter certeza de que contava rostos conhecidos... Um, dois, três... Cinco minutos. Por dois segundos ou mais, ele chegou a pensar que falaria seus segredos menos íntimos: aqueles mesmos que ele já não consegue disfarçar quando escreve em seu diário de páginas manchadas. Dez minutos. Ele já não tremia tanto. Já embarcava, talvez, no barco misterioso. Fazia um calor insano. Alguns graus a mais, alguns quilômetros percorridos... ele não tinha noção da exatidão da distância vencida... e pronto: já não era calor, já não era a multidão... era simplesmente uma vontade de colocar o mundo em seu carrinho de compras e abraçar, sobretudo, você.

P.S: "Ainda é válido, mesmo que tenha acontecido quando eu estava inconsciente. É duplamente válido, porque a mente consciente muitas vezes comete erros e se deixa seduzir pela pessoa errada" (trecho do conto "O Quintal Compartilhado", de Miranda July)

1 Comments:

Blogger Mariana Terra said...

Alan, curto muito seus mini-contos (se assim posso chamá-los) e estou me inspirando no seu blog para criar o meu, mas com muito menos ambição! Vamos ver no que dá!

9:50 AM  

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