sábado, janeiro 05, 2008

Muito bem - 13

Ela confessou para mim que já não tinha mais medo da felicidade. Foi uma frase rápida, quase inaudível. E o mais estranho é que não achei estranho. Tinha consciência de que, um dia, ela confessaria esse segredo para mim. Era de noite, provavelmente chovia lá fora. Ela pensou em sua música favorita, mas não soube me dizer o título. Eu disse: "não tem problemas. Qualquer hora, você lembra, me ensina e saímos cantando por aí."
Está tudo tão bem na vida dela. E, diferente da última vez que, ao fechar os olhos, percebeu que todas as coisas estavam devidamente em seus devidos lugares e ficou preocupada; agora ela sabe onde pisa, sabe com que fala, sabe com quem quer sonhar.
"Mesmo acordada, não deixe de imaginar", eu disse...

Cinema:
Ontem, sexta-feira, estreou o filme "Meu Nome Não É Johnny", dirigido por Mauro Lima e protagonizado pelo Selton Mello. Selton interpreta João Guilherme, um rapaz da zona sul do Rio de Janeiro, que, de consumidor de drogas, tornou-se um dos principais vendedores de cocaína do país, traficando, inclusive, para o exterior. O longa é inspirado no livro homônimo escrito pelo jornalista Guilherme Fiúza, que, por sua vez, tentou reproduzir a história real de João Guilherme Estrella.
Selton, depois do Lourenço no cult (?) e independente (?) "O Cheiro do Ralo", de Heitor Dhalia, como João Estrella, está ótimo - mas longe de sua atuação em "Lavoura Arcaica", de Luiz Fernando Carvalho, sem dúvida alguma, o seu melhor papel até hoje. E, em "Meu Nome...", é possível notar o talento de Selton tanto no gênero comédia (em uma ótima parceria com Cléo Pires) quanto no drama, sobretudo nas cenas do julgamento.
Outras duas atrizes merecem ser destacadas. Rafaela Mandelli (Laura), uma das amigas de Estrella - em duas cenas (quando é presa e durante o julgamento), é possível ver que a moça, que já foi protagonista de "Malhação", tem realmente talento -; e Cássia Kiss, no papel da juíza. Aliás, Cássia entra na seleta lista de atrizes que não precisam se esforçar muito para mostrar o controle que tem do ato de atuar.
Dinâmico no início, o filme perde um pouco o ritmo e o rumo ao registrar um pouco do cotidiano de Estrella na penitenciária. Clichês e uma notável inverossimilhança são percebidos nessa seqüência. E mais: o filme, ao tomar partido de Estrella, não deixa margens para o espectador julgá-lo isento de influências. Ao meu lado no cinema, por exemplo, uma mulher disse ao marido: "ele é bonzinho".
Não podia de registrar: ao assistir a "Meu Nome...", lembrei-me de dois longas nacionais. "Bicho de 7 Cabeças", de Laís Bodanzky, uma vez que Mauro Lima registra cenas em um manicômio - e, na minha opinião, Bodanzky foi quem melhor fez isso no cinema -; e "Cazuza - O Tempo Não Pára", de Sandra Werneck e Walter Carvalho, pois, nos dois filmes, nas cenas derradeiras, os protagonistas têm um lindo encontro com o mar.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Um beijão Alan e uma ótimo 2008 pra você!
Dany e Joeli

2:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

Curiosíssimo sobre o filme "Meu nome não é Jhonny"... Baixei o album do Caetano mas estava incompleto, ainda não encontrei a música que vc me indicou... Mas estou ouvindo "faz-se mar"... E o próximo instante, eu sei... eu não sei de nada... rss...

4:45 PM  

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