terça-feira, fevereiro 05, 2008

Cenas de uma segunda de Carnaval - 30

Ele não tinha fantasia. Para se esconder do mundo, pegou a blusa e colocou sobre os olhos. Sentiu-se sozinho no meio da folia, onde crianças fingiam ser alguns animais incomuns em seus cotidianos. Leões, cobras, sapos... "eu sei imitar melhor", uma gritou. Ele continuou a andar por aí, ainda se escondia do mundo... E, ao deixar a luz atingir os seus olhos, deu uma bela gargalhada e jogou-se no chão... Já estava misturado na fauna do concreto paulistano.
No último andar do prédio, porém, o jornalista se embebedava, imaginando uma Lapa que, segundo ele, felizmente voltou a existir. Sua musa ainda se escondia debaixo da maquiagem disposta sobre a mesa de canto. E antes de dizer o quanto a amava, bebeu uma, duas, três doses da melhor pinga do boteco de mentira. Cantava também outras versões de outras versões de marchinhas carnavalescas...
E, já de noite, no frio da garoa que não desabava do céu sem estrelas, o rapaz aguardava o ônibus. Imaginava uma série de canções... e cantava, sem o objetivo de ser aplaudido. Aplausos, ele tem preferido não escutar... os silêncios têm sido mais sinceros.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Quantos carnavais!
Camilla Tebet
www.essepapo.nafoto.net

7:00 PM  

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