quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Livre-se - 193

Incrível a sua capacidade de pular de casa em casa, de quarto em quarto... quando vai repousar na minha sala? Não tem sofá... vamos ter de nos sentar no chão gelado, jogar as cartas no piso que estava molhado e, nessa informalidade, descrever o que se passa em minha cabeça. Onde dormiremos? Não sei. Só tenho consciência de que vou abrir a janela e olharei o céu... escuro. Da minha janela, eu tento exagerar a vida lá de baixo. Eu sempre exagero... e, assim, choro e caio em desespero. Por outro lado, há uma porta sempre aberta que permite que eu saia quando eu bem quiser. E, sem rodeios, eu brinco de sair... Livre-se de todas as amarras que eu utilizei para te prender. Mas, caso decida voltar, é provável que as chaves sejam outras.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Você não precisa ler isso! - 192

Um texto esquecido no banco da praça... "Você não precisa ler isso!". O garoto, porém, desamassou o papel envelhecido e começou a ler as frases escritas com uma caligrafia linda. Ele, a princípio, tentou descobrir quem escrevera a carta... "Eu mexi nas suas gavetas... e vi o presente surpresa que você comprou para mim. Quando você vai me entregar? No meu aniversário? Quando a gente completar um mês de namoro? Quando eu, finalmente, dizer te amo?"... O garoto queria encontrar algum nome, algum endereço, alguma indicação... Revirou o papel... Cheirou o papel... "Eu te encontrei quando estava procurando um relacionamento. Você surgiu tão perto... Sorrindo... Você mora tão perto... Gosto de sua cabeça deitada no meu peito. Gosto de acariciar o seu cabelo. Não quero saber sobre o seu passado. Não quero saber com quem saiu, com quem se divertiu. Agora você é meu. Me encontre à meia-noite naquele lugar que é nosso." O garoto, então, chorou... mais uma vez. "Naquele lugar que é nosso." Ele repetiu a frase em voz alta... e chorou! Ele descobrira o remetente, o destinatário, o endereço e o lugar... deles!

P.S: "I noticed a letter that sat on your desk/ It said:"Hello, love./I love you so, love. /Meet me at midnight. /And no, it wasn't my writing/ I'd better go soon/ It wasn't my writing" ("Your House", de Alanis Morissette)