sábado, março 28, 2009

Faltou o ar - 151

Não consegui ouvir o que você me disse ontem à noite. Havia tanto barulho entre mim e você. Eram carros, homens perdidos no meio de tantos prédios, mulheres procurando um novo olhar no meio da rua e pouco ar... assim, sua voz não chegou aos meus ouvidos. Mas, mais uma vez, você olhou para trás. Eu também!
O que você disse? Logo, imaginei palavras, sons, frases, expressões repletas de reticências... "eu te amo, sabia!? Quando iremos parar de brincar?"... "Por que você não me deu um beijo de despedida, no meio da avenida... o beijo mais apaixonado de sua vida?"... "O que você esconde atrás de tanta felicidade?"... "por favor, fique um pouco mais..."
Eu fui e te levei...

P.S: "Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom. Mas se é contrário, é ruim, pesado e eu não acho bom." (Tiê, em "Assinado Eu").

sexta-feira, março 27, 2009

Jardins - 150

Tento descobrir os passarinhos que sobrevoam o meu jardim. Gostaria de dar a eles nomes. Assim, ficaria mais fácil chamá-los e explicar o ar que eu respiro. Alguns teimam em não me contar nada. Assim, procuro descobrir sua cicatriz por meio do sorriso que você teima em esconder. Para quem?
Já não sei como provar o meu amor. Eu realmente sou um mutante, sei eu. Se um dia eu olho bem nos seus olhos, chegando a encarar a sua alma. No outro, fujo rumo à direção contrária do ar que você rouba de mim. O meu medo é querer encostar em seus lindos cabelos. Por que?
Quando vamos sentar no banco da rua movimentada para falar mal das pessoas que correm como corremos para nos encontrar? Estranhamente, mantenho o olho em você. Não sei se é amor... Só sei que, como a Tiê canta, gosto de ver a minha vida por meio de seus olhos. Até quando?

segunda-feira, março 23, 2009

Há dois anos - 149

Não me lembro de seus lindos lábios. Mas ainda me recordo de seus beijos cheios de prazer e tesão sobre a minha boca. Foi intenso! Pouca conversa, um olhar, um sorriso meio de lado e éramos mais um casal no meio da pista quase escura. Quase éramos um só, tamanha a vontade de fundir o meu corpo no seu. E foi há quase dois anos...
"Você mudou ou continua o mesma?", chegou a perguntar. Eu achava graça de tudo. Ao mesmo tempo, corria para buscar uma nova imagem, justificando a minha cara de cansaço. "Estava no meio de uma viagem", confessei. Você não disse nada. Achou-me linda e comentou... "Faz muito tempo, mas ainda me lembro de você". Foi o suficiente para eu parar para imaginá-lo novamente com um sorriso meio de lado, pegando-me pela mão, abrançando-me e me beijando... Não pare, não suma... beija eu, beija eu, beija eu, me beija...

quinta-feira, março 19, 2009

Quem escreveu isso? - 148

"Talvez seja por isso que ela tem medo de piscianos (os últimos quatro namorados dela eram piscianos). Ela disse: "vocês viajam e imaginam demais". Será que ela está com medo de mim? Leu meu recado, o apagou e não entrou em contato... vou escrever para ela novamente. O meu recado será: "não precisa ter medo de piscianos... eles não são todos iguais. E mais: às vezes, só querem ter uma pessoa ao lado para falar de filmes da Sofia Coppola"...

E, assim, chorar, chorar e imaginar o que o Bob Harris disse para a Charlotte...

terça-feira, março 17, 2009

Cama vazia - 147

Um dia sem pensar em você. Uma derrota, alguns diriam. Eu, por outro lado, penso na vitória. Conheci um novo rosto ao raiar o dia. Se, a princípio, era estranho, com a luz do Sol surgindo sem pedir licença, tornou-se quase íntimo. Descobri os CDs favoritos - até tive a coragem de escolher um para embalar a conversa que não dava vez para o silêncio -, quais foram os antigos relacionamentos, o que esperava de mais um dia... Foi tudo tão rápido. Intenso? Ainda não sei.
Ao despertar, eu abri a janela. A cama já estava vazia. Lembro-me de ter aberto a porta, ter me despedido com um rápido beijo... ao fechá-la, segredos de uma nova casa foram revelados. Voltei a dormir novamente. Sem sonhos ou pesadelos.

segunda-feira, março 16, 2009

Um filme francês - 146

Gostaria de saber o motivo de você ter olhado para trás e ter gritado palavras tão doces para mim. Eu já estava contente em ter lhe dado um abraço de "até logo". Mas você, como tem sido ultimamente, tratou de mudar o roteiro de nossa não-história. Será que algum diretor seria capaz de filmar o nosso não-beijo? Será que um filme francês conseguiria traduzir o que não sabemos (ou eu não sei?) sentir? Quem interpretaria este que nega quase tudo quase? Quem interpretaria aquele que quase se cala?
Provavelmente você não se imagina com a caneta na mão escrevendo os meus próximos passos, não é mesmo? Você realmente não tem esse poder, ainda. Em contrapartida, faz eu tremer, engasgar e, quase sempre, te amar calado.

sexta-feira, março 13, 2009

Do outro lado da cama - 145

As paredes poderiam ruir. E, com a casa cheia de escombros, iria brigar com você. Dizer o que não acredito. Mas falta coragem. Ou melhor: penso que não sou a melhor pessoa para dizer como o mundo é realmente cruel com sonhadoras como você. Olhar o céu é realmente uma atividade prazerosa, mas a terra, minha linda, dá voltas... e é preciso encontrar a sua linha reta repleta de curvas.
Ao dormir, do outro lado da cama nesta última noite, cheguei a pensar se seria capaz de abrir seus olhos. Primeiramente, para o meu amor cafona que eu sinto por você. Depois, justamente para um mundo mais cinza, infelizmente.

quarta-feira, março 11, 2009

É realmente amor? - 144

Não consigo me lembrar quando eu me apaixonei por você. Não sei se foi quando você atravessou a rua e eu te avistei da janela do ônibus ou foi quando, repleto de dúvidas quanto a qual rua caminhar, virou para mim e perguntou: "qual a parte do meu caminho?". Eu, na última vez em que te vi, olhei em seus olhos.... Você, não me recordo, também olhou nos meus? Tentou, muitas vezes, saber o que eu queria realmente dizer entre tantas palavras sem sentido? Isso que eu sinto é realmente amor? Se for, perderei a cabeça, vou correr contra o tempo, ficarei acordado de madrugada para tentar entender como aconteceu. Se não for, vou procurar por você, entender por que ainda sinto um frio na barriga quando você encosta na minha mão, por que tenho tanto medo de sentir, um dia, a sua boca na minha.... Talvez eu prefira contar contigo pela madrugada, sem interrupções no final.

sexta-feira, março 06, 2009

Esse silêncio todo - 143

Quando será preciso dizer que você já me tem por inteira? Onde será preciso escrever que eu te amo incondicionalmente? Quem dará o primeiro passo para o abraço apertado? Eu simplesmente estou com medo! São tantos mistérios em seus olhos. Eu olho bem de perto, mas não consigo decifrá-los. Será preciso fechar os olhos, nós dois, e, na escuridão total, prometermos amor eterno? Ou você, diante do beijo iminente, soltará mais uma frase cujo significado eu tentarei decifrar por horas e horas e horas? Talvez esteja na hora de colocarmos as cartas na mesa... vou vestir o meu vestido branco.

quinta-feira, março 05, 2009

Apenas um ok - 142

Não espere de mim uma grande dissertação. Serei bem breve nas respostas, mesmo diante de perguntas ou comentários tão grandiloquentes. Capaz de eu utilizar as mesmas ferramentas que você. Simples assim? Eu supliquei por transparência... no entanto, tudo está tão difuso. É possível que eu não consiga respirar no meio de tanta fumaça preta... Garanto, porém, uma alma limpa, sincera, aberta... o caminho até ela, todavia, está cada vez mais complicado, cheio de incertezas... Sei que você irá desistir no meio do caminho. Por que eu acredito nisso? Não te conheço de fato e suas roupas já são outras. Mas, olha, não detesto mudanças. Elas são sempre benvindas, inclusive. Acontece que, quase sempre, odeio suas surpresas, suas aparições repentinas... Talvez esteja sendo muito radical... Eu quero chorar! Sangue!