quinta-feira, dezembro 31, 2009

Uma noite - 177

O mundo está perdido em outras ruas, que, veja só, conheço o nome. Nem todos os segredos, claro, mas alguns becos. Enquanto isso, eu tento me encontrar em um caminho cotidiano. Uma ladeira, uma curva para a direita, outra para a esquerda. Um sono. Desperto e viro a esquerda. Pego o elevador. Pronto. Estou aqui. No meu universo quase paralelo. E, enquanto todos estão do outro lado da avenida, eu vou brindar com os que resolveram ficar ou que tiveram de estabelecer contatos por aqui mesmo. Uma soda. Uma tequila. Uma caipirinha. Tim-tim. Ontem, hoje, amanhã e, queira Deus, sempre, é minha vez de celebrar. Nem que seja por meio dos clássicos copos de cerveja ou do elaborado drinque do clube mais hypado. O início ou o fim (quando tudo começa mesmo?) já está valendo a pena...

P.S: nada melhor que encerrar um dia tomando cerveja com uma grande amiga... nada melhor do que jogar conversa fora e falar a verdade para dentro! Feliz Ano Novo!

terça-feira, dezembro 29, 2009

Psicose - 177

Ele não se lembrava que dia da semana apontava o calendário pendurado na porta de seu quarto. As letras se entortavam, e a semana se perdia entre tantos números. O mundo rodava, e ele procurava por alguma organização. Sem fundamento! Foi quando ele se encheu de coragem e resolveu embarcar na roda gigante. E, seguindo a linha evolutiva da Terra, ele girou, girou... e, lá do alto, encontrou pontos definidos. Ignorou verdades absolutas, perguntou quando tinha uma série de dúvidas e, dessa maneira, brincou de não saber nada. Ele nada sabe. Sabe. Ou melhor, por saber que nada sabe, resolveu tirar o caderno da mochila e anotar... letra por letra do que foi escrito no quadro branco. Ele, no final, lembrou do dia, da hora, de tudo quase tudo. E parece que não vai se esquecer...

P.S: "Te chamo pra festa, mas você só quer atingir sua meta, Sua meta é a seta no alvo, Mas o alvo, na certa, não te espera" ("A Seta e o Alvo", de Paulinho Moska)

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Fantasmas do passado - 176

Eu simplesmente desapareci. Da sua visão. Passei, na realidade, despercebido. Estava já do outro lado da rua. Atravessei sozinho a movimentada via. Ninguém segurava as minhas mãos. Corri. Meu tênis estava desamarrado. Eu quase caí. E, lá do outro, eu segurei o cartaz que continha um grande ponto de interrogação em sua parte inferior. Demorei a escolher a pergunta correta que preencheria o branco desafiador. "Por que?". "Quando vai me deletar?". "Até quando?". "Quando vamos parar de brincar de esconde-esconde?". "Será que já terminou o que nem bem começou?". "Até quando teremos de esquecer os recados trocados na bancada do bar?". "Esqueceu o número do meu telefone?". "Você vai atravessar a rua também?". "Qual o caminho que vai escolher?". "Sabia que eu tenho medo de um fantasma do passado?". "Você teria coragem de atravessar a rua correndo?". Escolha uma pergunta e, se possível, responda o que quiser...

P.S: "Reações impensadas, mentes alienadas, sentimentos presos sem saída, momentos de eterna despedida" ("Flores no Deserto", da banda Vega )

sábado, dezembro 26, 2009

À procura do texto perfeito - 173

Já faz tempo que eu procurava o texto que escrevi para você na mesa do bar. Não foi escrito em um papel colorido, nem mesmo no guardanapo que eu utilizei para secar as minhas lágrimas. Eu, na realidade, não lembro onde despejei as letras desajeitadas e desconexas. Só sei que o texto ficou em mim. E, por essa razão, eu tentava desvendar o seu lugar verdadeiro. Eu me lembrava somente de frases soltas... Era uma mente solta, lembra?

"Faça o escuro se tornar claridade. Não seja um normal. Os loucos são mais felizes, mesmo que em sua inteira sanidade. Não seja irônico. Diga sempre a verdade. Eu prefiro a verdade. Ou melhor, prefiro o olhar verdadeiro à palavra que tende a ser sempre mentirosa. Seduza-me. Faça com que o silêncio ao seu lado me incomode. E incomoda. E como. Não sabe como. Faça com que eu crie perguntas para quebrar o silêncio, mesmo que sejam as mesmas perguntas de uns dias atrás. Sorria. Durma mais um pouco. Peça um cobertor para mim. Não seja tímido. Não ligue para o que falam os que se consideram revolucionários demais. Eles nem acreditam em aventuras. Eles preferem ficar sob tetos protetores a enfrentarem o que aparece na curva adiante - que não conhecemos. Chore. Estarei ao seu lado. Com ombros. Não posso afirmar que será com alegria também. Todos têm problemas. Talvez eu queira chorar também. Esteja ao meu lado. Seja livre para ir e voltar sempre quando quiser. Não quero ser sua metade. Quero ser seu inteiro. Somos dois. Não uma só pessoa. Pense nisso. Surpreenda-me. Faça eu crer. Faça eu duvidar. Faça eu acordar mal - você nem sabe como consegue fazer isso. Isso não é tão ruim. Eu penso. Eu tento chorar. Eu grito. Eu fujo. Eu respiro outros ares. Você nem imagina. Quero assim. Frases curtas. Sinceras. Quero dois minutos de silêncio. Um não é suficiente. Quero ficar sozinho em meu quarto escuro. A luz esclarece somente parte de minhas mãos. Esconde fotos e fatos. Deixe para lá. Espero a noite chegar. Espero o dia passar. Não tenha medo. Correremos juntos do perigo. Esconderemos juntos em nosso segredo. Purifique-se. Feche os olhos e imagine onde desejaria estar. No céu. No mar. Na lua. Na imensidão desse planeta. No ar. Dentro do ponto final. Este, esse ou aquele."

P.S: este texto foi publicado foi publicado em junho de 2005, em um outro blog que eu mantinha. Encontrá-lo, foi quase um milagre...

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Olhos fechados - 173

Não vou negar que a tentativa de despistar o mundo foi um exagero. Mas, como eu escrevi na mensagem escrita no papel reciclado, eu queria saber o que te faz chorar, o que te faz olhar o céu e, sobretudo, quem te faz criar expectativas maiores... Foi-se o tempo que, provalvemente, eu queria ser o sujeito e, vamos dizer, o predicado de suas frases desconexas. Hoje, porém, eu embarco em uma outra melodia... marcada por um poema que, gentilmente, eu peço que você não o interprete. Ao mesmo tempo, todavia, tenho medo de não reconhecer suas roupas e suas palavras. Olhe nos meus olhos quando for possível. Elimine o início, o meio e o fim... Libere os extras. Nem que for só por um instante, somente para mim.

P.S: "Até que alguma canção, algum cheiro ou expressão, me faça te ver de novo, mas é rápido, é quase pouco e nem dói nada..." ("Às Vezes Nunca", de Chrustiaan Oyens e Zélia Duncan)

terça-feira, dezembro 22, 2009

; - 172

Ele não me lembrava se era noite ou dia. Apenas caminhava e ouvia o silêncio das pessoas que apontavam para os enfeites da rua. Ouvindo música, eu olhava para o infinito. Eu não te procurava. Você estava profundamente distante. Escondido, provavelmente, logo ali atrás do armário. Então, caminhei quase de olhos fechados. Era o vento quem fazia eu andar... Não queria parar. Até que um telefone tocou, e eu não ouvi a sua voz. Era quase uma outra qualquer. De quem eu gostaria de observar no canto do olho. Chora? Ri? Busca? Quer? Deseja? Vive? Morre? Ficou tudo ainda no ar... na ilusão de um diálogo que está difícil de acontecer.

domingo, dezembro 20, 2009

Tranquilidade - 171

Luzes acesas... pista aberta. Eu fecho os olhos, danço a minha música preferida, que toca quase no fim da noite, e já abro um sorriso absurdo. Peço que não me interrompa sugerindo uma outra canção ou até mesmo um outro ritmo. Eu sigo a minha melodia, eu não sigo fluxo, faço o caminho que me parece ser mais justo: mesmo que essa trajetória traga surpresas, rostos, que não conheço, refletidos no mesmo espelho que observo sem querer. Não preciso do mapa que você diz ter feito para mim. Conheço muitas ruas, este lado, aquele de lá... lá longe. Vou olhar para o céu, ver o dia nascer refletido na vitrine de uma nova loja. Ou, talvez, ficarei sentado, esperando que você pergunte: "Foi boa a sua noite?".

P.S: "Combina com não ter fim/ Aprende, ensina, o valor que o lance tem/ Descongela aí, me aquece aqui!" ("Esporte Fino Confortável", de Zélia Duncan e Chico Cesar)

quinta-feira, dezembro 17, 2009

À noite - 170

Era quase escuro quase. Entre tantos copos ainda cheios de cerveja, ele pediu um prato de cozinha. Liso. Branco. Limpo. Queria ter algo para encerrar a sua fome. De querer. De estar. De ser. De amar. Um toque no rosto. Um carinho desencontrado. Um telefonema fora de hora. Uma mentira. Bêbados pela noite afora... por algumas horas. Um encontro. Uma filmagem. Uma despedida repentina. Um ponto a favor. Frases desconexas. Poucas conclusões.

P.S: "Todas as noites são iguais/de longe os disfarces parecem reais" ("Todas as Noites", do Capital Inicial)

terça-feira, dezembro 15, 2009

Simplesmente... - 169

"Qual o seu filme romântico preferido?" Esta foi a pergunta que ele ouviu ao lado de algumas dezenas de pessoas que choravam com cenas repletas de palavras doces e encantadas. Ele, então, parou para pensar... Queria responder, ao menos para ele, à pergunta. Chegou à conclusão que o melhor filme de amor para ele não termina em casamento, em filhos, em família reunida... na cena do melhor filme romântico para ele, a mocinha fica calada, e o rapaz denuncia seu amor a ela por meio de palavras jogadas em vários cartazes... E ela, veja só, retribui com um beijo... isso há de bastar...

P.S: este e o último post foram diretamente influenciados pela peça "Arrufos". E o meu filme preferido de amor, ao menos por agora, é "Simplesmente Amor" (a cena citada acima pode ser vista em http://migre.me/eib0)

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Assim, diga sim! - 168

Uma frase dita ao acaso e tudo se transforma. Estranha a nossa capacidade de imaginar, de pensar e de querer transformar as expectativas em realidade. Eu quero dizer "sim". Mesmo que acabe, que quebre, que machuque, que me transforme... Quero dizer "sim" ao amor. A este que eu sinto por você quando brinca de dar risada, quando fecha os olhos, quando se desvia do meu olhar, quando permite que eu encoste em suas mãos, quando tampa os meus olhos, quando finge me beijar, quando me despacha do carro em movimento, quando responde carinhosamente às minhas mensagens... Eu quero dizer "sim". E isso já é um grande passo.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Um ano - 167

Confesso que suas expressões quase monossilábicas deixam-me intrigados. Queria, na realidade, dar aquele espaço de tempo, ao vivo e a cores, para você, de fato, dizer tudo o que não queria dizer para mim. Confesso, todavida, que estranhamente estou sem pressa. Um ano passa rápido, alguns diriam. Outros, todavia, são capazes de me provarem que, em um ano, tanta coisa pode acontecer. Não tenho medo. Se acontecem contigo, podem acontecer comigo... Eu vou atravessar a avenida de olhos vendados... Você há de esquecer o número do meu telefone?... Quando vai deixar gravada a mensagem de amor... "Oi, você ligou para XXXXXXXXXXXXXX. No momento, porém, estou lá no ano que vem. Fique tranquilo, eu já te abraço".

terça-feira, dezembro 08, 2009

O Vento contra o bolero - 166

Ele ouviu lá do alto que não lhe dizer o que penso já é pensar em dizer. E, quando isso aconteceu, ele deu risada. É provável que alguns já saibam que ele quer te conquistar daqui a pouco, quando você pegar o atalho e, sem querer, encontrá-lo lendo um livro ou ouvindo uma outra canção. E a outra música, veja só, pedia cautela. Contou que era preciso ter cuidado para não falar sem pensar para, assim, não se arrepender roendo as unhas. Eu quero me declarar, mesmo no silêncio dos nossos sonhos. Deixe-me falar ao pé de seu ouvido durante a madrugada...

P.S: "Eu que falei sem pensarAgora me arrependo roendo as unhas" ("Refrão de Bolero", dos Engenheiros do Hawaii) e "Não te dizer o que eu pensojá é pensar em dizer" ("O Vento", dos Los Hermanos)

segunda-feira, dezembro 07, 2009

100% Tom - 165

As expectativas são sempre grandes. Eu olho no espelho e o imagino aparecendo ao meu lado... com sua ironia fina, seu humor sarcástico. A realidade, porém, é outra: você não dorme comigo até as altas horas do domingo ensolarado. Eu tiro um cochilo. E nesse breve período de tempo, não sonho, não descanso, mas tenho pesadelos... você brinca de descobrir desenho em nuvens com outro alguém. Talvez seja o meu erro. Ou não. Volto a dizer, agora, em um outro formato.

P.S: Assisti ao filme "500 Dias com Ela". Não sei se sou a Summer ou o Tom... o problema é dar créditos para as expectativas...